domingo, 30 de setembro de 2012

Fragmentos de Pensamentos de Outrora I



Estes idiotas multiculturalistas perderam seus esquemas filosóficos e agora querem corromper todos ao mesmo tempo!
Claro que não são capazes de notar a existência deste sutil balé entre um Homem e uma Mulher de verdade. Consideram desrespeito - alguma coisa mais longe da verdade? - o firme e sutil conduzir do cavalheiro, sua supremacia uma violência, seu zelo anacrônico.
Que tipo de imbecil não é capaz de notar a mulher não como portadora da divindade - o que já seria mais próximo da verdade, mas como portal para o conhecimento, da divindade; auto-conhecimento da divindade. Ali, metamonte Olimpo, onfálico, sobre o monte de vênus, botão entumescido de carne e desejo emoldurado por doces úmidas carnes, guardião traidor desta única verdadeira ferida responsável e respondente de e por toda dor e angústia do mundo. Metaforicamente nessa boca escancarada da verdade está o mundo, metonimicamente a boceta é o mundo. Esta luz ofuscante, este olhar para o ciclope-esfinge negro (um pouco mais abaixo), intimida e apavora este anões: confusos sabem apenas meter e ser devorados.
Talvez saber disto quebrasse as espinhas moles da corja.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

2012

Dois mil e doze
Dois mil e doze

Já vejo se aproximar o novo ano,
Então, Deixa eu fazer uma pose
E Tornar-me mais humano.

Dessa vez eu acerto,
nesse novo ano cada vez mais perto

Não! Tudo completa, visceral, lamentavelmente errado!
Repetições insensatas e pueris, desejos apenas de uma alma lamentosa com seus ardis, desejo de remissão do seu pecado,
Porque pecado é só um... Tem plural não.

Passa dois mil e onze,
Ja está passando dois mil e onze,

Mas é só o tempo que passa
E fica a loucura.
Agoniza dois mil e onze,
Choro suas exequias,
Agoniza minha mente
rrrrrrrlalarrrr tiritar incessante de ofuscantes pensamentos claros e confusos como um dia nublado no dia mais seco do sertão, melodias dissonantes de instrumentos nunca inventados em uma orquestra regida por um sátiro, interpretada por leprechauns e escrita pelo próprio diabo
Ou por deus
Ou talvez jamais tenha sido escrita
e apenas deliro a possibilidade de sua existência
Porque apenas existindo poderia ter quem a escutasse!

Agoniza dois mil e onze,
Choro suas exequias,
não agoniza minha mente - vibra

Vem 2012,
Vem para me encontrar igual,
Vem para que eu possa chorar sua partida com o mesmo sentimento de agora,
Para que me enleve com teu próximo e te deixe partir com um olhar fingido de sofrimento...

vem dois mil e doze,
Se apegar a mim,
Porque eu, eu não me apego.

Orestes

Conversa Poetica

Maracatu de Branco

Eu sou um rei do Congo,
Branco e coroado em Itamaracá!
Na jurema, efum e Arroz de Haussá
Homenageio o Rosário.

Desfile de cores, ritmo e jejê,
Baila dama do paço,
Vem rei e rainha no embalo
Dos naipes do mestre de apito.

Toca alto a alfaia, vem a calunga
Com esse baque virado,
Roda dama,
Vem rainha.
Aqui não tem leão coroado,
Aqui Elefante se esquece

Na proteção de reia-mar....

FORTALEZA

terça-feira, 25 de setembro de 2012

FORTALEZA

Meu coração é uma fortaleza,
Altas torres e murada,
Por largo fosso cercada...
Guardas da maior presteza.

Doze mil arqueiros de ironia,
Tambores de silêncio e guerra
Fechaduras, ferrolhos, travas
Pra evitar a agonia.

Inexpugnável colosso vertical
Deixa entrar ao átrio quem a mente
Tiver como embaixador.

Para evitar toda a dor
Aparta tudo o que sente
Mas do sítio cai presa fatal.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O UMBUZEIRO DE ATENAS

Final de tarde lento, vigiando o umbuzeiro,
Pilar robustto e prisco, árvore sagrada!
Yggdrasil, ragnarok, justiça armada,
Cega, fêmea, branda ou de justiçeiro?

Atena, Semnai Theai, mui venerada
Mulher sobretudo, antes de justa!
Sua vaidade punindo Tirésias me assusta,
Faz refletir além de píndaro - errada
Imagem nossa, esqueçemos que ela
Não se cega totalmente, domina
As Fúrias, absolve orestes, destinos sela
Por capricho. Pensamos apenas que zela
Enquanto apenas na hecatombe Culmina.

E não balança o pé de umbuzeiro!

CONVERSA POÉTICA

Lawrence solar revolucionário,
Imaginário de sonhos cruéis de Pessanha!

A redondeza burlesca de um Andrade
Os trezentos e mais de um outro Andrade

Bilac me dá um caminho triste,
Junto ao sentimento oco de Eliott
Adio para amanhã o que me impede de ir a Tabacaria
E o Fernando múltiplo me transborda com uma chuva oblíqua.

Quase Mario de Sá aparece
Esperando o choro das hostes celestiais
Dell´il miglior fabbro

Cala o canto negro do José que a festa acabou
E não foi gauche nem rima,
Foi ainda outro Andrade!

Nosso Setembro é o Abril mais cruel da terra devastada
- Assim, você, Leitor - hipócrita - semelhante
Irmão -

Decifra e crê numa esperança apenas!


EXPERIMENTO DE RITMO

Estivesse aqui só
nas terras do sertão,
sentisse eu o nó
Medo do ter perdão

que poderia não vir
ou falhasse eu sentir,
tua manha de mulher
que eu bem sei o que quer.

Não pode negar teus encantos
e formosura, e meneios
a quem conhece teus recantos,
tuas cavas... e teus anseios.

Entrega tua flor de mulher,
negro tecido de delícias
para aquele que sabe e quer
cobrir teu corpo de carícias.

Obscenidades
lúbricas e fatais
Desfrutadas no gozo hostil
D´animais no cio

Perversidades cruéis
de pés e mãos e bocas e sexo,
um novo nexo de emoção e gozo

e juntos, eu e você,

ouso

e nada mais.

Orestes


Foi um dia de domingo em que matei a minha mãe.
Fora convencido do que a razão dizia,
Serena e tranquila,
Arguia
Sobre as conspirações, males, ardis e restrições...
A fonte primeva do infortúnio se delineava clara como o Sol,
(que à razão pertence)
Falava de um futuro, de conquistas, da ambição, realizações...
E como rastilho num paiol
Tais idéias me incendiaram e eu, nesse átimo, tornei-me também
Um pouco de Sol!

Faltou-me apenas escolher o dia,
Por certo seria no dia da razão se o houvesse!
Celebramos um dia para guerra e para o amor,
Mas à razão na semana é fugidia.

Sábado não pode, como dizem os mandamentos
E me restou o momento em que o pai descansou
Para realizar tão arrazoado intento.

Nem tudo me falara a razão.
Nada sobre as consequências,
Sobre alecto, Megaira e Tisífone...
Nada sobre as Fúrias.

Fruto da castração do pai, incessantes, encolerizadas, violentas
Corroiam cada instante de mim. Incansáveis!
E como alcançar a razão, que partiu?
Procuro em vão o corvo, a serpente e agonizo...

Corvo? Serpente?
Numa sombra de juízo, de repente
Compreendo os símbolos desse agouro, desse fato
Que em mim recai...
Mas é tarde!

Consolo-me em caminhar no tártaro
Mas vem em minha salvação aquela que não tem mãe,
Que dizem justa, ciumenta, guerreira  infalível
Não quer mais do que ser uma mãe,
Amargurada e invejosa, tampouco tem dia na semana...
E me absolve.

Absolve, mas não me salva.
Sigo e sinto os olhos recaírem sobre mim,
Absolvição com uma ressalva
Marca escarlate, obscena, carmim

Do delito impensável, da dor inumana...
Finalmente entendo a semana
Sexta-feira é dia do amor!
Assim que se termina o dia percebo
Que quero esse amor
E também quero a minha mãe.

PAU DE DÁ EM DOIDO


Pau de dá em doido
É troço de grande serventia.
De noite ou de dia
Sempre pronto pro açoito.

O que num entendo dessa gente
É que pra doido não é esse pau!
É pra cabra mau,
Mala sem alça, certamente
Cabra metido a besta
Que só sai de sexta,
Pra malandro indecente,
Pra tipo imundo...
Enfim, pra tudo no mundo
De sabido e afoito
Menos pro coitado doido
Que paga em dia
Sua terapia - que não tem divã mas um banco
Com um homem fingindo de santo
Que cobra mais de cem pau! 

Balada de Outubro

Num dia quente de outubro
Foi pelo ralo do esgoto
Algo que agora descubro
Estar há algum tempo roto.

Depois de um beijo na nuca
Ouço falar de um contrato,
Porém não me sai da cuca
O que ouvi: tanto maltrato!

Se quero resolver bem
A desfeita recebida
Tenho que calar também
E ouvi-la, atrevida.

Venham assim as lamúrias,
São todas minhas as penas,
Venham assim as penúrias,
Que cheguem ao fim as cenas.

Fico eu aqui na Campina
e você bem descansada,
Porém você não atina
Para a futura jornada.

Num dia quente de outubro
Foi pelo ralo do esgoto
Algo que agora descubro
Estar há algum tempo roto.


Num dia quente de outubro
Foi pelo ralo do esgoto
Insone agora me cubro
Neste manto de desgosto.

Queria enfim entender
O que quer esta menina
Que não sei satisfazer.
Será esta minha sina?

Será porque sou direita
E doutro lado ela é?
Vamos ver o que se ajeita
Na cabeça da mulher!

Ou pactuamos casamento,
Sem faltar muito respeito
Ou não terá pensamento
Que nos poderá dar jeito.

Num dia quente de outubro
Foi pelo ralo do esgoto
Algo que agora descubro
Estar há algum tempo roto.

Num dia quente de outubro
Foi pelo ralo do esgoto
Insone agora me cubro
Neste manto de desgosto.