Pronunciamento por ocasião da Colação de Grau do Curso de Medicina – CFP
28 de Agosto de 2015
Canto
de onipotência (Augusto dos Anjos)
Cloto,
Átropos, Tifon, Laquesis, Siva...
E acima deles, como um astro, a arder,
Na hiperculminação definitiva
O meu supremo e extraordinário Ser!
Em minha sobre-humana retentiva
Brilhavam, como a luz do amanhecer,
A perfeição virtual tornada viva
E o embrião do que podia acontecer!
Por antecipação divinatória,
Eu, projetado muito além da História,
Sentia dos fenômenos o fim.. .
A coisa em si movia-se aos meus brados
E os acontecimentos subjugados
Olhavam como escravos para mim!
E acima deles, como um astro, a arder,
Na hiperculminação definitiva
O meu supremo e extraordinário Ser!
Em minha sobre-humana retentiva
Brilhavam, como a luz do amanhecer,
A perfeição virtual tornada viva
E o embrião do que podia acontecer!
Por antecipação divinatória,
Eu, projetado muito além da História,
Sentia dos fenômenos o fim.. .
A coisa em si movia-se aos meus brados
E os acontecimentos subjugados
Olhavam como escravos para mim!
Essa
é a descrição da onipotência do poeta Augusto dos Anjos, que
certamente empresta palavras para o sentimento daqueles que hoje
coroam sua carreira acadêmica com a láurea de bacharéis.
O
silêncio solene desse recinto não reflete suas atividades
cerebrais, o silêncio ausente de silêncio de
nossos corredores não faz jus a vossos méritos. Vocês não são
os homens ocos, estão estufados de conhecimentos e prenhes de
vontade, suas conquistas não devem terminar com um murmúrio, mas
com uma explosão, para inverter a ordem do melancólico T. S.
Eliott.