A análise não representa uma posição institucional, é o trabalho individual do autor.
Os dados foram obtidos de relatórios disponíveis do banco de dados do controle acadêmico e analisados com o auxílio do software R.
População dos alunos de Graduação da UFCG
Foco no Desempenho do Ingresso e no Desempenho Acadêmico durante o Curso.
Introdução
A Educação
Superior Brasileira tem passado por diversas mudanças a partir do
século XXI, muitas ocorrendo simultaneamente, alinhadas ou não com
as tendências da Educação Superior Mundial. Algumas dessas
pressões são apenas contingenciais, contudo, não há dúvida de
que essas pressões também tem elementos de longo prazo, para as
quais estão envolvidos planejamentos efetivos e esperanças.
Compreender como a comunidade acadêmica está respondendo a essas
pressões é de vital importância para conseguir gerir a Educação
Superior Brasileira. Não se pode imaginar que a análise de
possíveis intervenções do ponto de vista de gestão e governança
de sistemas tão complexos como estabelecimentos de Ensino Superior
possa ser feito exclusivamente a base de preconceitos, misticismos e
boa vontade.
No que concerne
às Universidades Brasileiras, o contexto internacional e nacional as
colocam em uma situação relativa de excesso de estratégias e
interferências implementadas, diversas e concorrentes pressões da
sociedade, das conjunturas brasileiras e também das tendências e
conjunturas mundiais.
Do ponto de vista
global, as Universidades enfrentam o que Boaventura Sousa Santos
denominou de Crise de Hegemonia, Crise de Legitimidade e Crise
Institucional, discussão retomada amplamente na literatura que trata
das redefinições necessárias do conhecimento universitário, da
função social das instituições de ensino superior e dos seus
mecanismos próprios de governança no âmbito de uma sociedade
global de conhecimento, notadamente na área de pedagogia comparada.
No Brasil essa questão tem aparecido ainda de maneira incipiente
entre os principais stakeholders da Educação Superior mas são
pressões que já se fazem sentir e para as quais não há respostas
concretas sobre o posicionamento geral.
Abordar esses
três aspectos, necessariamente, envolve abordar a discussão da
Conferência Mundial da Educação de Paris, realizada em 2009 que
sumariza os desafios em eixos de Responsabilidade Social; Acesso,
Equidade e Qualidade; Internacionalização, Regionalização e
Mundialização; Aprendizagem, Pesquisa e Inovação.
Traduzidos para o
Brasil, esses conceitos se inserem num contexto de acentuado
crescimento do número de matrículas no Ensino Superior a partir da
primeira década do sec XXI. O ponto principal da discussão desse
texto é a Educação Superior Pública realizada em Universidades
Públicas, setor que dobrou seu número de matrículas a partir de
2006 com os programas do MEC de expansão fase I e REUNI.
O número de
alunos matriculados na Educação Superior Brasileira ainda é
pequeno, mas em um país de dimensões continentais como o nosso isso
já representa um dos maiores sistemas educacionais do mundo, com uma
grande heterogeneidade e com o desafio explicitado no novo Plano
Nacional de Educação (PNE 2013-2023) de dobrar o número de
matriculados para atingir a meta de uma educação superior pública
de massa.
É bastante
questionável a definição de Educação de massa a partir de
critérios porcentuais sobre a população, o Brasil saiu de um
sistema de Educação Superior bastante Elitista até as décadas de
70 e 80 e, a partir da década de 90 começou a ocorrer um
crescimento, primeiro no setor privado e depois nos dois setores –
público e privado – após o ano 2000.
O ingresso
sistemático da população das classes B e C na Universidade criou
resistência de setores mais conservadores, baseados na suposta baixa
qualidade da escolaridade desses alunos.
Ao mesmo tempo,
houve uma discussão significativa sobre os processos seletivos,
tradicionalmente vestibulares, para um processo seletivo nacional, o
SISU, baseado no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, teste
fundamentado da teoria de resposta ao item e em critérios de
competências e habilidades que permite uma maior flexibilidade para
a adoção de processos seletivos para as mais diversas formas de
ingresso na Universidade.
Ainda na
discussão sobre as formas de ingresso, o Governo Brasileiro acabou
por adotar uma Lei Específica de Cotas para populações
historicamente desprivilegiadas, em 2012.
A virtual
Universalização do ENEM como forma de ingresso e da adoção da lei
de Cotas ocorrem de maneira quase simultânea, nessa década. No
âmbito da discussão sobre a massificação, qualidade de ensino e
papel social da Universidade, são muito comuns discussões acerca
dos impactos dessas medidas.
Consideremos três
medidas: ENEM, SiSU, COTAS. O folclore das Universidades hoje, em
diferentes medidas, atribui os altos índices de evasão, ou a
deficiência de alguns alunos, ou o despreparo dos alunos frente a
disciplinas básicas como tendo um dos três culpados, dependendo da
vertente ideológica.
Já existe algum
corpo de evidência de que nenhuma das alterações dos processos
seletivos pode ser responsabilizada por qualquer problema de “falta
de competência” dos alunos atuais das Universidades. Mesmo assim,
preconceitos são sempre difíceis de combater.
O presente
trabalho visa analisar minuciosamente a população de ingressantes
da Universidade Federal de Campina Grande nos seguintes elementos:
-
Existe alguma diferença significativa do ENEM e do SiSU?
-
Existe diferença significativa entre a média dos ingressantes quanto analisados por cotas ou por sexo?
-
Existe diferença significativa na evasão dos ingressos devido ao sexo ou a cota?
-
Existe diferença significativa entre o desempenho acadêmico dos alunos como função do tipo de ingresso?
-
Como relação entre a média de ingresso e o desempenho acadêmico?
-
Como a população de ingressantes evolui no tempo com relação ao desempenho acadêmico?
-
Como a população acadêmica evolui no tempo com relação à carga horária integralizada?
Fomos capazes de
responder a todas essas questões com esse estudo, com alguns
resultados surpreendentes e com uma metodologia que é
suficientemente robusta para tornar impossível a crença mística em
contrário para qualquer indivíduo de boa-fé.
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