sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Estudo de População: Os alunos de Graduação da UFCG

Abaixo segue a introdução de um texto de análise dos dados sobre a população dos alunos de graduação da UFCG no período ENEM/SiSU. Você pode acessar a versão completa da análise, com as análises e resultados.

A análise não representa uma posição institucional, é o trabalho individual do autor.

Os dados foram obtidos de relatórios disponíveis do banco de dados do controle acadêmico e analisados com o auxílio do software R.

 

População dos alunos de Graduação da UFCG

Foco no Desempenho do Ingresso e no Desempenho Acadêmico durante o Curso.

Introdução

A Educação Superior Brasileira tem passado por diversas mudanças a partir do século XXI, muitas ocorrendo simultaneamente, alinhadas ou não com as tendências da Educação Superior Mundial. Algumas dessas pressões são apenas contingenciais, contudo, não há dúvida de que essas pressões também tem elementos de longo prazo, para as quais estão envolvidos planejamentos efetivos e esperanças. Compreender como a comunidade acadêmica está respondendo a essas pressões é de vital importância para conseguir gerir a Educação Superior Brasileira. Não se pode imaginar que a análise de possíveis intervenções do ponto de vista de gestão e governança de sistemas tão complexos como estabelecimentos de Ensino Superior possa ser feito exclusivamente a base de preconceitos, misticismos e boa vontade.
É fundamental para a Gestão das Universidades um conhecimento profundo da população que as frequenta, bem como das tendências pedagógicas e curriculares e das necessidades educacionais ligadas a cada curso individualmente. Apenas assim é possível o planejamento de ações de interferência e principalmente de acompanhamento e avaliação do sucesso dessas ações. A construção teórica dentro de um modelo educacional de ações de interferência apenas não pode servir de base para políticas que gerem um avanço que não seja meramente estatístico. Fundamental se faz que os modelos teóricos e o conhecimento da realidade se encontrem tanto na etapa de planejamento como de acompanhamento e avaliação das estratégias.
No que concerne às Universidades Brasileiras, o contexto internacional e nacional as colocam em uma situação relativa de excesso de estratégias e interferências implementadas, diversas e concorrentes pressões da sociedade, das conjunturas brasileiras e também das tendências e conjunturas mundiais.
Do ponto de vista global, as Universidades enfrentam o que Boaventura Sousa Santos denominou de Crise de Hegemonia, Crise de Legitimidade e Crise Institucional, discussão retomada amplamente na literatura que trata das redefinições necessárias do conhecimento universitário, da função social das instituições de ensino superior e dos seus mecanismos próprios de governança no âmbito de uma sociedade global de conhecimento, notadamente na área de pedagogia comparada. No Brasil essa questão tem aparecido ainda de maneira incipiente entre os principais stakeholders da Educação Superior mas são pressões que já se fazem sentir e para as quais não há respostas concretas sobre o posicionamento geral.
Abordar esses três aspectos, necessariamente, envolve abordar a discussão da Conferência Mundial da Educação de Paris, realizada em 2009 que sumariza os desafios em eixos de Responsabilidade Social; Acesso, Equidade e Qualidade; Internacionalização, Regionalização e Mundialização; Aprendizagem, Pesquisa e Inovação.
Traduzidos para o Brasil, esses conceitos se inserem num contexto de acentuado crescimento do número de matrículas no Ensino Superior a partir da primeira década do sec XXI. O ponto principal da discussão desse texto é a Educação Superior Pública realizada em Universidades Públicas, setor que dobrou seu número de matrículas a partir de 2006 com os programas do MEC de expansão fase I e REUNI.
O número de alunos matriculados na Educação Superior Brasileira ainda é pequeno, mas em um país de dimensões continentais como o nosso isso já representa um dos maiores sistemas educacionais do mundo, com uma grande heterogeneidade e com o desafio explicitado no novo Plano Nacional de Educação (PNE 2013-2023) de dobrar o número de matriculados para atingir a meta de uma educação superior pública de massa.
É bastante questionável a definição de Educação de massa a partir de critérios porcentuais sobre a população, o Brasil saiu de um sistema de Educação Superior bastante Elitista até as décadas de 70 e 80 e, a partir da década de 90 começou a ocorrer um crescimento, primeiro no setor privado e depois nos dois setores – público e privado – após o ano 2000.
O ingresso sistemático da população das classes B e C na Universidade criou resistência de setores mais conservadores, baseados na suposta baixa qualidade da escolaridade desses alunos.
Ao mesmo tempo, houve uma discussão significativa sobre os processos seletivos, tradicionalmente vestibulares, para um processo seletivo nacional, o SISU, baseado no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, teste fundamentado da teoria de resposta ao item e em critérios de competências e habilidades que permite uma maior flexibilidade para a adoção de processos seletivos para as mais diversas formas de ingresso na Universidade.
Ainda na discussão sobre as formas de ingresso, o Governo Brasileiro acabou por adotar uma Lei Específica de Cotas para populações historicamente desprivilegiadas, em 2012.
A virtual Universalização do ENEM como forma de ingresso e da adoção da lei de Cotas ocorrem de maneira quase simultânea, nessa década. No âmbito da discussão sobre a massificação, qualidade de ensino e papel social da Universidade, são muito comuns discussões acerca dos impactos dessas medidas.
Consideremos três medidas: ENEM, SiSU, COTAS. O folclore das Universidades hoje, em diferentes medidas, atribui os altos índices de evasão, ou a deficiência de alguns alunos, ou o despreparo dos alunos frente a disciplinas básicas como tendo um dos três culpados, dependendo da vertente ideológica.
Já existe algum corpo de evidência de que nenhuma das alterações dos processos seletivos pode ser responsabilizada por qualquer problema de “falta de competência” dos alunos atuais das Universidades. Mesmo assim, preconceitos são sempre difíceis de combater.
O presente trabalho visa analisar minuciosamente a população de ingressantes da Universidade Federal de Campina Grande nos seguintes elementos:
  • Existe alguma diferença significativa do ENEM e do SiSU?
  • Existe diferença significativa entre a média dos ingressantes quanto analisados por cotas ou por sexo?
  • Existe diferença significativa na evasão dos ingressos devido ao sexo ou a cota?
  • Existe diferença significativa entre o desempenho acadêmico dos alunos como função do tipo de ingresso?
  • Como relação entre a média de ingresso e o desempenho acadêmico?
  • Como a população de ingressantes evolui no tempo com relação ao desempenho acadêmico?
  • Como a população acadêmica evolui no tempo com relação à carga horária integralizada?
Fomos capazes de responder a todas essas questões com esse estudo, com alguns resultados surpreendentes e com uma metodologia que é suficientemente robusta para tornar impossível a crença mística em contrário para qualquer indivíduo de boa-fé.

siga lendo o texto em pdf. versão completa

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