Eu sempre apreciei a arte de
fazer títulos da idade média e essa é uma excelente oportunidade para fazer a
referência.
Pretendo defender uma tese
deveras polêmica e normalmente sou bastante prolixo, dessa forma vou poupar o
leitor impaciente. Já apresentei publicamente uma versão simplificada dessa
tese em alguns fori de discussão, aqui eu pretendo completar o raciocínio e
qualificar o debate.
O professor não ganha mal, o professor ganha exatamente o que a
sociedade acha que seu trabalho vale, a complacência com que a população em
geral e a mídia em particular tratam os professores e os acontecimentos da vida
que envolvam um professor deixa clara uma visão errônea e preconceituosa a
respeito da profissão de educador, muitas vezes pela total incompreensão do que
o ato de educar significa, pelas experiências negativas experienciadas e mais
ainda pelas experiências parcialmente bem sucedidas. É o povo que foi exposto
formalmente a processos educativos formais em escolas e universidades que
consolida uma visão perniciosa ao negar ao professor a sua própria profissão,
desprofissionalizando a educação formal, cobrindo-a de significados distorcidos
e, principalmente, úteis para horizontes estreitos de uma classe média inculta,
nefastos para a cidadania plena de um grupo de pessoas condenadas a um lugar
subalterno na sociedade, intangível, não-declarado, subserviente. Os
professores são coniventes e cúmplices desse processo. Se a educação exprime um
de seus ideais com a construção de um cidadão autônomo, esse processo não pode
ser levado a cabo sem um professor protagonista, ainda que de uma maneira
especial e qualificada.