Hoje minha esposa e eu fomos a um
novo restaurante em Campina Grande. Os estabelecimentos dessa categoria na
cidade são muito poucos, logo eu felicito todos os novos empreendimentos no
ramo da gastronomia e faço questão de contribuir com o que posso. Até mesmo
para alguns lugares nem tão bons assim.
Bem, como “presente à cidade em
seu sesquicentenário” aparece um restaurante de notas italianas. Confesso não
atinar qual possa ser a relação entre uma coisa e outra, mas o fato é que esse
é o primeiro restaurante italiano na cidade e por isso, duplas, triplas vivas.
Vamos ao local, bem posicionado
em uma rua central da cidade tem uma fachada bem conservada com segurança na
porta. Entrando no local somos saudados por um host que não sabe exatamente
porque está ali, mas se esforça para fazer uma cara muito simpática. A Esquerda
um bar bem montado e a direita um local confortável para a possibilidade de
espera e, creio eu, para aproveitar alguns bebericos no balcão do bar (faz
tempo que não vejo um balcão de bar em Campina Grande).
A decoração do salão é de
bastante bom gosto, aproveitando o pé direito alto dessas casas clássicas que
são imensas no comprimento e estreitas na largura, muito tradicionais nas
construções aqui de Campina. Tijolos aparentes, mesas de variados tamanhos para
atender a variados públicos, uma decoração bonitinha com espelhos em alguma
coisa que parecia uma escotilha, luzes amarelas em spots que desagradam alguns
e agradam outros.
Mesa bem posta com pratos
tradicionais e talheres de boa qualidade e guardanapos de papel grandes.
(Ninguém pode culpas a inexistência de guardanapos de pano em um restaurante do
tipo trattoria, certo?)
O garçom apresenta-se rápido, com
dois cardápios (ponto pra casa!). Pedimos um suco integral de uva, servido a
temperatura ambiente mas de boa qualidade (casa bento). O garçom denuncia seu
último emprego ao me servir com um movimento de mão “para fora do corpo” muito
comum no serviço de bares e garrafas de cerveja de 600ml, improvável em um
garçom treinado em restaurante.
O Cardápio grande como um cartaz
conta o conceito da casa. Se o conceito de um restaurante ou qualquer
estabelecimento da gastronomia precisar ser explicado é porque está sendo
mal-feito. Conceito em culinária e gosto se vale o quanto pesa. Não é um crime
de lesa-humanidade mas é uma demonstração de insegurança e, no caso, erro
mesmo, posto que o conceito descrito não é o conceito que se apresenta. O lugar
ou sua culinária não tem nada de moderno, são simplesmente novos na cidade.
O cardápio apresenta um pouco de
tudo. Pontos, pontos... isso garante o negócio rodando. Não adiante ter um
monte de coisas que ninguém come, tem que agradar público para pagar as contas
no final do mês. E qualquer pessoa que for encontra um prato razoável para
comer, para uma ou duas pessoas: saladas, aves, carnes, peixes, massas,
risotos, pizzas. (Alguém pode citar a Sapore D´Italia, que eu respeito, mas não
é um restaurante italiano, é uma pizzaria que resolveu aumentar o cardápio
muito tempo atrás. E o molho vermelho é intragável!)
Não estávamos ali para desfrutar,
foi uma escolha casual de uma comida rápida. Pedimos um fetuccine a italiana
(uma das quatro opções de molhos da casa). Prato ficou pronto logo e veio
servido em uma pequena travessa de inox, a moda de algumas trattorias de São
Paulo e que a Famiglia Muccini introduziu na Paraíba já há algum tempo. Para o
conceito de trattoria o prato era assustadoramente pequeno, mas servia um casal
sem dificuldades.
O Garçom jovem colocou na mesa o
prato e o queijo e perguntou visivelmente temeroso se gostaríamos que ele
servisse. Ele esboçou alguma tentativa que visivelmente não convenceu ninguém e
mantivemos silêncio respeitoso para que ele saísse e conduzíssemos nós mesmos
no serviço.
A aparência do prato inicial condisse
exatamente com seu paladar. Um molho de tomates rústicos bastante consistente,
com notas de manjericão, sal acertado, um pouco e tomilho e alho. Nada de
cebola (Ufa!). Linguiça defumada cortada transversalmente em um bonito corte e
um perfume agradável, juntamente com um pouco de bacon. O
molho sem dúvida parecia agradar, não como uma coisa fantástica, mas superior a
qualquer molho que eu tenha comido fora da minha casa. A cor da massa indicava
uma péssima qualidade, contudo. Embora cozido no ponto correto e sem partir, de
maneira a preservar a manuseabilidade dos fios no garfo, a massa era barata
mesmo. O valor do prato não era caro, um valor de uma refeição decente, tenho
certeza que, mesmo num começo, não há nenhum risco de bancarrota se utilizarem
alguma massa com ovos de qualidade superior. Ao menos divela!
A sobremesa foi uma torta alemã,
bem feita, gostosa e na temperatura certa, com uma dispensável calda de
chocolate quente e em um prato retangular inadequado para uma torta alemã
consideravelmente mais alta do que as que se encontram no mercado.
Notei que o chefe de salão era um
garçom experiente. Parece que investiram em garçons de pouca experiência e
chefes para treiná-los.... não é uma ideia ruim.
Vale tentar... certamente eu vou
mais vezes por lá.
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