sexta-feira, 15 de maio de 2015

Crítica Gastrônomica - Campina Grande

Hoje minha esposa e eu fomos a um novo restaurante em Campina Grande. Os estabelecimentos dessa categoria na cidade são muito poucos, logo eu felicito todos os novos empreendimentos no ramo da gastronomia e faço questão de contribuir com o que posso. Até mesmo para alguns lugares nem tão bons assim.

Bem, como “presente à cidade em seu sesquicentenário” aparece um restaurante de notas italianas. Confesso não atinar qual possa ser a relação entre uma coisa e outra, mas o fato é que esse é o primeiro restaurante italiano na cidade e por isso, duplas, triplas vivas.


Vamos ao local, bem posicionado em uma rua central da cidade tem uma fachada bem conservada com segurança na porta. Entrando no local somos saudados por um host que não sabe exatamente porque está ali, mas se esforça para fazer uma cara muito simpática. A Esquerda um bar bem montado e a direita um local confortável para a possibilidade de espera e, creio eu, para aproveitar alguns bebericos no balcão do bar (faz tempo que não vejo um balcão de bar em Campina Grande).

A decoração do salão é de bastante bom gosto, aproveitando o pé direito alto dessas casas clássicas que são imensas no comprimento e estreitas na largura, muito tradicionais nas construções aqui de Campina. Tijolos aparentes, mesas de variados tamanhos para atender a variados públicos, uma decoração bonitinha com espelhos em alguma coisa que parecia uma escotilha, luzes amarelas em spots que desagradam alguns e agradam outros.

Mesa bem posta com pratos tradicionais e talheres de boa qualidade e guardanapos de papel grandes. (Ninguém pode culpas a inexistência de guardanapos de pano em um restaurante do tipo trattoria, certo?)

O garçom apresenta-se rápido, com dois cardápios (ponto pra casa!). Pedimos um suco integral de uva, servido a temperatura ambiente mas de boa qualidade (casa bento). O garçom denuncia seu último emprego ao me servir com um movimento de mão “para fora do corpo” muito comum no serviço de bares e garrafas de cerveja de 600ml, improvável em um garçom treinado em restaurante.

O Cardápio grande como um cartaz conta o conceito da casa. Se o conceito de um restaurante ou qualquer estabelecimento da gastronomia precisar ser explicado é porque está sendo mal-feito. Conceito em culinária e gosto se vale o quanto pesa. Não é um crime de lesa-humanidade mas é uma demonstração de insegurança e, no caso, erro mesmo, posto que o conceito descrito não é o conceito que se apresenta. O lugar ou sua culinária não tem nada de moderno, são simplesmente novos na cidade.

O cardápio apresenta um pouco de tudo. Pontos, pontos... isso garante o negócio rodando. Não adiante ter um monte de coisas que ninguém come, tem que agradar público para pagar as contas no final do mês. E qualquer pessoa que for encontra um prato razoável para comer, para uma ou duas pessoas: saladas, aves, carnes, peixes, massas, risotos, pizzas. (Alguém pode citar a Sapore D´Italia, que eu respeito, mas não é um restaurante italiano, é uma pizzaria que resolveu aumentar o cardápio muito tempo atrás. E o molho vermelho é intragável!)

Não estávamos ali para desfrutar, foi uma escolha casual de uma comida rápida. Pedimos um fetuccine a italiana (uma das quatro opções de molhos da casa). Prato ficou pronto logo e veio servido em uma pequena travessa de inox, a moda de algumas trattorias de São Paulo e que a Famiglia Muccini introduziu na Paraíba já há algum tempo. Para o conceito de trattoria o prato era assustadoramente pequeno, mas servia um casal sem dificuldades.

O Garçom jovem colocou na mesa o prato e o queijo e perguntou visivelmente temeroso se gostaríamos que ele servisse. Ele esboçou alguma tentativa que visivelmente não convenceu ninguém e mantivemos silêncio respeitoso para que ele saísse e conduzíssemos nós mesmos no serviço.

A aparência do prato inicial condisse exatamente com seu paladar. Um molho de tomates rústicos bastante consistente, com notas de manjericão, sal acertado, um pouco e tomilho e alho. Nada de cebola (Ufa!). Linguiça defumada cortada transversalmente em um bonito corte e um perfume agradável, juntamente com um pouco de bacon.   O molho sem dúvida parecia agradar, não como uma coisa fantástica, mas superior a qualquer molho que eu tenha comido fora da minha casa. A cor da massa indicava uma péssima qualidade, contudo. Embora cozido no ponto correto e sem partir, de maneira a preservar a manuseabilidade dos fios no garfo, a massa era barata mesmo. O valor do prato não era caro, um valor de uma refeição decente, tenho certeza que, mesmo num começo, não há nenhum risco de bancarrota se utilizarem alguma massa com ovos de qualidade superior. Ao menos divela!

A sobremesa foi uma torta alemã, bem feita, gostosa e na temperatura certa, com uma dispensável calda de chocolate quente e em um prato retangular inadequado para uma torta alemã consideravelmente mais alta do que as que se encontram no mercado.

Notei que o chefe de salão era um garçom experiente. Parece que investiram em garçons de pouca experiência e chefes para treiná-los.... não é uma ideia ruim.


Vale tentar... certamente eu vou mais vezes por lá.

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